
Neste crepúsculo de dia, em que a noite se encerra, gravitam alvoraçados os meus pensamentos. Tento agarrá-los, traze-los até mim, mas a corrente em que se encontram é tão forte, que os dissipa para além do horizonte, muito para lá do fim.
Sento-me então à secretária, rabisco algumas palavras, ideias incertas que servirão de bússola, para que o norte esquecido assuma de novo a sua posição. Contudo a ampulheta que se encontra ao meu lado indica-me que o tempo não pára, que a vida lá fora continua a girar, num ritmo fugaz, que nada nem ninguém consegue parar.
Neste cenário oblíquo em que me encerro, apercebo-me da inevitabilidade e inconstância do ser. Apodera-se de mim a dor da ausência, dos dias passados, das marcas ainda frescas que pernoitam na minha memória. Não sei se são os dias que custam a passar ou se é a noite que tarda em chegar. “Só sei que nada sei”, e quanto mais julgo saber, maior é a minha pequenez.
Rodopiando pelos prazeres da vida, saboreando o cálice dos pecadores, me transformo, qual crisálida em seu casulo. Como invejo esses misteriosos seres… como gostaria de ter esse dom, o dom da metamorfose, para me munir de um alvéolo protector, e dentro dele crescer, evoluir, superando todos os obstáculos que me levam até à transformação.
Quem me dera renascer como uma bela mariposa, voando alegremente neste céu azul, contemplando a vida de cima, numa tenuidade sem igual… anseio por asas para voar e sonhos alcançar. Quero viver para além da vida, tornando-me imortal e dessa forma poder perpetuar todas as vidas que habitam em mim, todos os seres que vagueiam pelos mares da minha mente.
Não me resigno a esta inconstância, desejo libertar os gritos oprimidos que corrompem o meu ser, na ânsia de chegar ao idílio. Todavia, a realidade escurece estes nobres vagabundos, que devaneiam dentro de mim. Sufocados resguardam-se separadamente, evitando o conflito, evitando a luta pelo trono do poder, evitando aparecer, surgindo apenas um ser, mais comedido, mais social, mais racional… Porém despersonalizado, abafado por bramidos internos e desejos secretos que aspira alcançar…
Fonte: http://utupia-venus.blogspot.com/2006/11/metamorfose.html
Sento-me então à secretária, rabisco algumas palavras, ideias incertas que servirão de bússola, para que o norte esquecido assuma de novo a sua posição. Contudo a ampulheta que se encontra ao meu lado indica-me que o tempo não pára, que a vida lá fora continua a girar, num ritmo fugaz, que nada nem ninguém consegue parar.
Neste cenário oblíquo em que me encerro, apercebo-me da inevitabilidade e inconstância do ser. Apodera-se de mim a dor da ausência, dos dias passados, das marcas ainda frescas que pernoitam na minha memória. Não sei se são os dias que custam a passar ou se é a noite que tarda em chegar. “Só sei que nada sei”, e quanto mais julgo saber, maior é a minha pequenez.
Rodopiando pelos prazeres da vida, saboreando o cálice dos pecadores, me transformo, qual crisálida em seu casulo. Como invejo esses misteriosos seres… como gostaria de ter esse dom, o dom da metamorfose, para me munir de um alvéolo protector, e dentro dele crescer, evoluir, superando todos os obstáculos que me levam até à transformação.
Quem me dera renascer como uma bela mariposa, voando alegremente neste céu azul, contemplando a vida de cima, numa tenuidade sem igual… anseio por asas para voar e sonhos alcançar. Quero viver para além da vida, tornando-me imortal e dessa forma poder perpetuar todas as vidas que habitam em mim, todos os seres que vagueiam pelos mares da minha mente.
Não me resigno a esta inconstância, desejo libertar os gritos oprimidos que corrompem o meu ser, na ânsia de chegar ao idílio. Todavia, a realidade escurece estes nobres vagabundos, que devaneiam dentro de mim. Sufocados resguardam-se separadamente, evitando o conflito, evitando a luta pelo trono do poder, evitando aparecer, surgindo apenas um ser, mais comedido, mais social, mais racional… Porém despersonalizado, abafado por bramidos internos e desejos secretos que aspira alcançar…
Fonte: http://utupia-venus.blogspot.com/2006/11/metamorfose.html
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