RSS

QUE DIA É HOJE?

"Superstição" vem do latim superstitio, que significa "o excesso", ou também "o que resta e sobrevive de épocas passadas". Em qualquer acepção, designa "o que é alheio à atualidade, o que é velho". Transposto para a linguagem religiosa dos romanos, o vocábulo "superstitio" veio a designar a observância de cultos arcaicos, populares, não mais condizentes com as normas da religião oficial.

Gato preto, bruxas, má-sorte, bizarrices. Todas as maldições possíveis vêm à mente dos supersticiosos quando se aproxima uma Sexta-Feira 13, o Dia dos Azares e de Todos os Males. Devidamente incorporada ao folclore popular, a data até mesmo virou nome de uma série famosíssima de filmes de horror - Jason, o seu personagem-tema, a decapitar adolescentes numa cabana perdida do interiorzão dos EUA. Uma celebração da fascinação pelo horror, pelo oculto, por aquilo que ficou modernamente conhecido como gótico. Em 2001, a Sexta-Feira 13 de Abril ainda se confundiu com a data do pesar pela morte de Cristo na cruz.

Para mostrar que o NARRATIV@ também é cultura, e de quebra tirar uma onda entre os amigos, fui atrás de uma explicação.

Mas, como se originou tal crença?

Pesquisando na internet, encontrei duas lendas bem interessantes da mitologia nórdica:

Na primeira delas, conta-se que houve um banquete e 12 deuses foram convidados. Loki, espírito do mal e da discórdia, apareceu sem ser chamado e armou uma briga que terminou com a morte de Balder, o favorito dos deuses. Daí veio a crendice de que convidar 13 pessoas para um jantar era desgraça na certa.

Segundo outra lenda, a deusa do amor e da beleza era Friga (que deu origem à palavra friadagr = sexta-feira). Quando as tribos nórdicas e alemãs se converteram ao cristianismo, a lenda transformou Friga em bruxa. Como vingança, ela passou a se reunir todas as sextas com outras 11 bruxas e o demônio. Os 13 ficavam rogando pragas aos humanos.

Mas a explicação mais plausível que encontrei foi na França, no comecinho do século XIV, consequência dos constantes traumas financeiros do rei Filipe, o Belo (1268-1314), e da degeneração das relações entre Paris e Roma. Esgotados todos os clássicos métodos medievais de salvação do seu tesouro, como o sequestro de propriedades, a prisão dos judeus e a desvalorização da moeda, em desespero o monarca resolveu taxar a Igreja Católica.
Era pontífice, na época, Bonifácio VIII (1235-1303), descrito como "olhos e língua ferozes em um corpo completamente decrépito... um demônio". Para retaliar as medidas de Filipe, o Papa baixou um édito e proibiu a cobrança de impostos ao clero. Filipe, claro, reagiu com a energia disponível. Fechou as fronteiras da França à saída de ouro, cortou a fonte de fundos de Roma e da Igreja - e, pior, aprisionou o Bispo de Pamiers, acusado de blasfêmia, de fornicação e de feitiçaria.
Bonifácio contra-atacou com um comunicado, no qual condenou a detenção do Bispo e revogou os privilégios divinos do Belo. Felipe queimou o comunicado em praça pública. O Papa redigiu um outro, uma advertência, uma ameaça: "A Igreja é uma criatura de apenas uma cabeça, não um monstro de duas". Inesgotável, Filipe também denunciou o Papa por blasfêmia, por feitiçaria e até mesmo por sodomia. Enfim, Bonifácio excomungou Filipe e determinou aos seus núncios que espalhassem um boato tenebroso: a punição brutal se estenderia, igualmente, à França inteirinha.
A convulsão eclodiu. Os camponeses se agitaram de pavor. Filipe declarou não se incomodar com a excomunhão - preferia a revolução. E, em 1303, enviou um exército à Itália e capturou o Papa. Um mês depois, Bonifácio faleceria. Alguns historiadores dizem que morreu de raiva. Outros, que bateu a cabeça numa parede até arrebentá-la. Um Papa leal a Filipe, de nome Benedito XI (1240-1304), o Abençoado, assumiu a Igreja. A sua ascensão, porém, não aliviou a crise econômica da França.
Dois anos depois, em 1305, Filipe enviuvou e tentou se juntar à Sociedade dos Templários, cavaleiros que se consideravam especiais e que buscavam o Santo Graal, a taça utilizada por Cristo na Última Ceia. Na realidade, Filipe meramente pretendia se assenhorear das riquezas que, de quebra, os Templários surrupiavam. Os Templários, no entanto, suprema humilhação, vetaram a entrada de Filipe no seu time.
Em 1306, sob o comando de Jacques de Molay, os cavaleiros retornaram de uma investida através da chamada Terra Santa, no Oriente Médio, com as bagagens carregadas de riquezas - que negaram ao monarca. Desesperado, numa madrugada, Filipe triplicou os valores de tudo que se comercializava na França. E a rebelião explodiu de vez. A população pediu a sua cabeça. Acovardado, Filipe implorou a proteção dos Templários.
Novamente os cavaleiros refugaram. Apenas restou a Filipe se esconder. E, refugiado, a planejar a vingança. Aliás, uma ação surpreendente, na montagem e no resultado. Em 14 de Setembro de 1307, remeteu ordens seladas a todos os seus fiéis seguidores e a todos os seus oficiais. Ordens que apenas deveriam ser abertas na noite de 12 de Outubro. Inacreditável. Ninguém traiu o rei. Daí, na manhã do dia 13, começou a perseguição aos Templários. Estima-se que, até o entardecer daquela data, 5.000 acabaram radicalmente enjaulados.
Na noite de 13 de Outubro de 1307, precisamente uma sexta-feira, os fiéis de Filipe torturaram e massacraram os Templários das formas mais abomináveis - da retirada da pele ao cruel empalamento. Tudo em nome do orgulho real. Justificativa: a aliança dos Templários com Satanás e com a magia negra. Consta que vinte cavaleiros escaparam da perseguição, sobreviveram - e amaldiçoaram a data para todo o sempre.

Hoje, um tempo em que o empalamento parece estar extinto, cabe aos chamados Hackers utilizarem a Internet para distribuir vírus virtuais na Sexta-Feira 13.

Por isso, muito cuidado com o seu micro!

Fontes de pesquisa:

0 comentários: